É #FAKE que macaca-aranha resgatada em Mato Grosso passou 20 anos bebendo e fumando narguilé
11/09/2025
(Foto: Reprodução) Macaca não tinha 20 anos e nem contraiu vício em nicotina ou álcool
g1
Circula nas redes sociais uma publicação dizendo que uma macaca-aranha passou 20 anos bebendo e fumando narguilé em um bar de beira de estrada em Mato Grosso, antes de ser resgatada. É #FAKE.
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🛑 O que diz a publicação falsa?
Publicado em 29 de agosto no Instagram, onde já foi visto mais de 3,2 mil vezes, o post exibe a foto de uma macaca junto a um pote de frutas. Uma mensagem inserida sobre a imagem diz: "Não se identificava como animal. Macaca forçada a beber e fumar narguilé por 20 anos em bar de MT se recupera em ecoparque e vence abstinência: 'Só conhecia humanos'".
A legenda afirma: "A história da macaca-aranha de testa branca Chicó, resgatada após 20 anos em um bar de beira de estrada em Sorriso (MT), expõe os impactos do cativeiro e da retirada de animais silvestres de seu habitat [...]. Lá, tornou-se um dos casos mais complexos já enfrentados pela equipe, pois não reconhecia sua própria espécie — havia convivido apenas com seres humanos — e ainda apresentava sintomas de abstinência, após anos sendo forçada a consumir álcool e fumar narguile".
O narguilé é um dispositivo indiano para fumar, em que o tabaco aquecido tem a fumaça filtrada na água antes de ser aspirada por uma mangueira. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), "o narguilé expõe o fumante a mais compostos tóxicos e cancerígenos que o cigarro, já que uma sessão pode durar 45 minutos e gerar maior inalação de fumaça".
⚠️ Por que isso é mentira?
Professora do curso de veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Elaine Dione coordenou o atendimento clínico à Chicó após o resgate, em 2021. Em entrevista ao Fato ou Fake, a especialista negou as informações contidas na publicação.
"Nos exames de hemograma e de imagem, esse animal apresentou uma condição corporal boa, além de funções hepáticas e renais normais para a espécie. O hábito forçado a essas substâncias [álcool e nicotina] mudaria os parâmetros desses exames, o que acabou não sendo visto".
"De maneira geral, no aspecto morfobiométrico (peso, medidas de cabeça, tórax, cauda), ela estava dentro da normalidade de um animal adulto na fase reprodutiva. A análise de pigmentação da íris e dos dentes do animal indica que ela tinha, na época do resgate, entre 10 e 12 anos".
Segundo a veterinária, a macaca foi resgatada há quatro anos após uma denúncia em uma propriedade rural no município de Sorriso , a 420 km de Cuiabá, resultando na autuação em flagrante do responsável por Chicó.
Elaine Dione lembra que a alteração mais clara da macaca era comportamental: "A Chicó andava só se arrastando, ficava com uma coleira no pescoço e presa a uma casinha. Ela tinha grande apego a esses itens. Por isso, na hora de tirar a coleira, por exemplo, gritou muito. Mas, com um processo de desmame e enriquecimento ambiental, ela foi readquirindo o comportamento da espécie. Ela não demorou muito tempo para diversificar a alimentação, deslocar-se nos quatro apoios e para locais altos".
Após o tratamento, Chicó foi conduzida para o BioParque Vale Amazônia, no Complexo dos Carajás (PA), onde permanece até hoje com um grupo de macacos-aranha.
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