MP recorre para levar acusados de atropelar e matar jovem a júri popular em Cuiabá
08/07/2025
(Foto: Reprodução) Frederico Albuquerque Siqueira Correa da Costa tinha 21 anos e morreu na madrugada de 2 de setembro. Danieli Correa da Silva e Diogo Pereira Fortes são acusados de atropelar e matar o estudante. Frederico Albuquerque Siqueira Correa da Costa tinha 21 anos,
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) quer que Danieli Correa da Silva e Diogo Pereira Fortes sejam julgados por homicídio qualificado, em júri popular, pela morte do estudante Frederico Albuquerque Siqueira Corrêa da Costa, de 21 anos, atropelado em setembro de 2022 na Avenida Beira Rio, em Cuiabá. O MP ingressou com o recurso para reformar a decisão que desclassificou o caso para o crime de homicídio culposo — quando não há intenção de matar.
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De acordo com a promotora de Justiça Élide Manzini de Campos, Danieli dirigia o carro em alta velocidade, cerca de 90 km/h em uma via com limite de 60 km/h, e não tentou desviar ou frear antes de atingir a vítima. Frederico morreu no local, após ser arremessado com o impacto.
A motorista também estaria embriagada e não tinha permissão legal para dirigir. Segundo o MP, Diogo, que estava no banco do passageiro, consentiu com a condução perigosa. No recurso, o Ministério lembra que ambos fugiram do local sem prestar socorro.
“Novamente, essas circunstâncias evidenciam, a priori, a indiferença dos recorridos quanto ao resultado, tanto antes do acidente – emprego de velocidade incompatível com aquela permitida para a via, estado de embriaguez, ausência de permissão legal para dirigir, inexistência de manobra de desvio e ausência de qualquer reação de frenagem –, quanto depois – evasão do local do acidente e omissão de socorro às vítimas do acidente”, destacou a promotora de Justiça.
Segundo a denúncia do MPMT, a iluminação da via possibilitava ao motorista enxergar a vítima e os demais pedestres que estavam no local. Além disso, não havia obstrução na pista que pudesse impedir ou dificultar a visualização.
Ainda de acordo com o Ministério, a conduta dos réus colocou em risco outras pessoas que transitavam pela avenida. Para a Promotoria, Danieli tinha plena consciência de que poderia atropelar alguém. A investigação demonstrou ainda, que Danieli e Diogo pararam o veículo alguns metros adiante, e fugiram do local para escapar de qualquer responsabilização.
O g1 tenta contato com a defesa dos acusados.
Danieli Corrêa da Silva, de 24 anos, prestou depoimento no dia 8 de setembro.
Reprodução
O caso
Frederico, de camiseta preta, morreu após ser atropelado na Av. Beira Rio.
Reprodução
Albuquerque Siqueira Correa da Costa, de 21 anos, foi atropelado na Avenida Beira Rio, no Bairro Grande Terceiro, em Cuiabá, por volta da 1h40 do dia 2 se setembro. O jovem não resistiu e morreu.
Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Judiciária Civil, a vítima estava na rua, ao lado de um veículo estacionado, quando foi atingida por um veículo branco que passou pela avenida. O motorista fugiu sem prestar socorro.
Frederico estava em uma distribuidora de bebidas e o atropelamento foi registrado pelas câmeras de seguranças.
Consta no registro policial que, depois do acidente, a Polícia Civil foi acionada por telefone pelo dono do carro. Ele disse que emprestou o veículo para uma amiga, que o devolveu “todo amassado”, e queria saber se havia envolvimento em algum acidente.
“Após isso, o Centro Integrado de Segurança Pública (Ciosp) recebeu uma outra ligação informando que na Rua Teles Pires, no Bairro Dom Aquino, próximo à Avenida Miguel Sutil, estaria no meio da rua, um para-choque branco com uma placa. Esta equipe se deslocou até o endereço informado e recolheu o para-choque juntamente com a placa”, informa o boletim de ocorrência.
O número da placa era o mesmo informado pelo proprietário do veículo. Depois disso, ainda conforme o boletim de ocorrência, a polícia não conseguiu contato com ele e não o localizou no endereço ligado à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dele.
Indiciados
Diogo Pereira Fortes, dono do carro que atropelou estudante na Av. Beira Rio, em Cuiabá, se apresentou à polícia.
Thiago Andrade/TV Centro América
Em outubro, o delegado da Delegacia de Delitos de Trânsito (Deletran), Cristian Cabral, concluiu e encaminhou ao Ministério Público, o inquérito sobre o atropelamento e a morte de Frederico.
Danieli Corrêa da Silva foi indiciada por homicídio doloso, omissão de socorro, fuga do local e direção embriagada, agravada pela falta de habilitação. Já Diogo Pereira Fortes também deve responder por homicídio doloso, omissão de socorro, fuga do local, dirigir embriagado, além de confiar a direção do veículo a pessoa sem habilitação.
A pena por homicídio doloso pode chegar a 20 anos de prisão.
O g1 entrou em contato com a defesa da dupla. O advogado de Diogo Pereira Fortes disse que não ouve conduta dolosa por parte do Diogo. Segundo ele, em nenhum momento tanto o proprietário do carro e a motorista tinha vontade de matar alguém, direta ou indiretamente. Já a defesa de Danieli Corrêa da Silva não respondeu até a última atualização desta reportagem.
"Mesmo ciente de sua inabilitação para conduzir veículos, dos prejuízos causados a sua capacidade psicomotora em razão do anterior consumo de bebida de alto teor alcoólico (gin), que registra teor alcóolico de 47,3%, não apenas consentiu em assumir a direção do veículo lhe confiado, como imprimiu excessiva velocidade a este, equivalente a quase 50% da máxima permitida para o local, e decidiu trafegar na faixa de baixa velocidade da via, em trecho que tinha conhecimento e visibilidade de possuir aglomeração de pessoas", diz o inquérito sobre Danieli.
O inquérito aponta também que duas pessoas ficaram feridas no acidente e que, durante os depoimentos, os envolvidos "ambos não só não demonstraram quaisquer indícios de arrependimento, como nada fizeram para minorar as consequências de seus atos, empreendendo, em comum acordo, fuga do local dos fatos", aponta o documento.
